segunda-feira, 21 de maio de 2012

CONTROLE SEUS CARNÊS

REVISTA ISTO É N° Edição:  2219, 21.Mai.12 - 18:03

A guerra dos juros entre os bancos facilitou a transferência de empréstimos de uma instituição para outra. Descubra como tirar proveito dessa situação

por Adriana Nicacio e Fabíola Perez
 

Assim como é possível mudar de operadora de telefone celular, os brasileiros também podem transferir seus empréstimos de um banco para outro em busca de melhores condições de pagamento. Para o economista e professor de finanças pessoais da Fundação Getulio Vargas, Samy Dana, a portabilidade bancária representa uma enorme vantagem para o consumidor: “É a grande chance de as pessoas escolherem o empréstimo mais barato e aprender a usar o crédito de uma forma responsável.” A portabilidade passou a ser permitida no País em 2006, mas, segundo o Banco Central (BC), era pouco utilizada. “Antes da queda nas taxas de juros, havia menos competição no setor bancário, o que não estimulava o uso da portabilidade”, diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito. Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação de Defesa do Consumidor (Proteste), o correntista deve ficar atento para não arcar com nenhum custo durante a operação. “Mesmo se a tarifa do outro banco for mais baixa do que a da instituição atual, é preciso saber se não está acontecendo uma venda casada, como, por exemplo, a contratação de um seguro.” A seguir, saiba como escolher o banco certo para você.

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MELHOR AMIGO PROTEGENDO A SAÚDE HUMANA

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21.Mai.12 - 17:42

Doutor cão

O melhor amigo do homem ganha novas funções para ajudar a proteger a saúde humana. Cilene Pereira



TESTE
Os animais são treinados a detectar tumores pelo cheiro das amostras

Cachorros costumam ser aliados da boa saúde humana. São companheiros na caminhada, reduzem o estresse, diminuem a depressão. Agora, um canil na Inglaterra está começando a treinar cães para identificar tumores pelo cheiro. O trabalho está sendo feito no Medical Detection Dogs, um serviço filantrópico que trabalha em parceria com universidades e institutos de saúde britânicos. Atualmente, há seis cachorros em estágio avançado de treinamento, o que significa dizer que já são capazes de detectar com sucesso a presença de determinados tipos de câncer.

A ideia de usar os animais partiu da pesquisadora Claire Guest, hoje coordenadora do centro. Ela foi uma das responsáveis por um dos primeiros estudos sobre a capacidade de os cachorros usarem o olfato para encontrar tumores. A pesquisa dela foi publicada em 2004 no jornal científico “British Medical Journal”. De lá para cá, outras pesquisas foram realizadas.

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AVISO
Billy alerta Beth quando as taxas de açúcar no sangue da garota estão baixas

Uma das mais recentes foi conduzida por cientistas alemães e publicada no “European Respiratory Journal”. Os cães – labradores e pastores australianos – acertaram na identificação de tumor de pulmão em 71% das vezes. Não se sabe ao certo como os animais fazem essa detecção. Uma das hipóteses seria a de que os tumores teriam em sua composição substâncias químicas voláteis, identificáveis pelo olfato extremamente apurado dos cachorros.

O treinamento para chegar a esse estágio é longo. Antes, eles passam pelo menos um ano sendo ensinados a obedecer a comandos. “Sem isso não conseguimos avanços”, explicou à ISTOÉ Anna Webb, integrante do centro. Depois, são treinados a reconhecer o cheiro de amostras extraídas de pacientes enviadas por hospitais. A cada acerto, ganham uma recompensa. O objetivo final é descobrir de que maneira os animais fazem a identificação e usar as informações para a criação do que os cientistas chamam de “nariz eletrônico”. “Esse aparelho seria usado para detectar tumores em amostras de urina”, disse Anna.

No centro, também há cães sendo treinados para acompanhar diabéticos. Nesse caso, os animais aprendem a detectar uma crise hipoglicêmica (queda da taxa de açúcar no sangue) pouco antes de ela ocorrer. O labrador Billy hoje anda o tempo todo com a adolescente Beth Jeans. Portadora de diabetes tipo 1, ela também apresenta doença celíaca (intolerância ao glúten), o que torna o controle dos níveis de glicose ainda mais difícil. Sempre que detecta a manifestação de uma crise, o labrador lambe a mão da dona ou choraminga.“Uma vez ele me alertou quando tomava banho de banheira”, lembra a garota. “Era uma situação perigosa. Se tivesse desmaiado, poderia ter me afogado. Com ele, me sinto mais segura.”

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terça-feira, 15 de maio de 2012

O PODER DA GENEROSIDADE

REVISTA ISTO É N° Edição:  2218, 15.Mai.12 - 17:59

Livro de professor da Universidade de Harvard revoluciona a teoria da seleção natural de Darwin ao mostrar que o grupo pode alcançar muito mais sucesso quando atua de forma coletiva e em benefício dos outro. 

Rachel Costa

 

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Encontrar explicações convincentes para a origem e a evolução da vida sempre foi uma obsessão para os cientistas. Tanto que, quando Charles Darwin criou a teoria da seleção natural, na segunda metade do século XIX, parecia ter encontrado a solução para o intrincado quebra-cabeça da evolução da vida no planeta Terra. A competição constante, embora muitas vezes silenciosa, entre os indivíduos, teria preservado as melhores linhagens, afirmava o naturalista britânico. Assim, um ser vivo com uma mutação favorável para a sobrevivência da espécie teria mais chances de sobreviver e espalhar essa característica para as futuras gerações. Após consecutivas linhagens, a tendência seria de que todos os indivíduos fossem descendentes daquele com a boa mutação, e que quem não a possuísse desaparecesse. Ao fim, sobreviveriam os mais fortes, como interpretou o filósofo Herbert Spencer, no início do século XX – ideia erroneamente atribuída a Darwin. Um século e meio depois, um biólogo americano agita a comunidade científica internacional ao ousar complementar a teoria da seleção darwinista. Segundo Edward Wilson, da Universidade de Harvard, considerado o pai da sociobiologia, ganhador de dois prêmios Pulitzer na categoria de não ficção e um dos mais respeitados acadêmicos da atualidade, o processo evolutivo é mais bem-sucedido em sociedades nas quais os indivíduos colaboram uns com os outros para um objetivo comum. Assim, grupos de pessoas, empresas e até países que agem pensando em benefício dos outros e de forma coletiva alcançam mais sucesso, segundo o americano.

Ao cravar essa tese, defendida no recém-lançado “A Conquista Social da Terra” (W.W. Norton & Company, 2012), uma compilação de pouco mais de 300 páginas, Wilson pôs à prova o benefício de agir em causa própria, presente na seleção individual de Darwin. O americano não contraria a teoria darwinista, mas afirma que ela é insuficiente para se entender a evolução, que aconteceria em múltiplos níveis – o individual, como proposto por Darwin, e o de grupo. Afinal, se o mais importante era fazer com que seus genes seguissem adiante, por que muitas vezes o indivíduo era capaz de se sacrificar pelo outro? A luta constante pela sobrevivência realmente explicou muita coisa, mas não foi capaz de lançar luz sobre uma característica intrigante, observada pelo próprio Darwin: o comportamento altruísta – chave da teoria de Wilson. “A seleção individual é importante, mas não explica tudo”, disse à ISTOÉ o diretor do centro de bem-estar da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, Robert Cloninger.

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A nova teoria da evolução de Wilson arrebatou não só a comunidade científica como as mais importantes publicações internacionais. Os jornais “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e “The Washington Post” e as revistas “Newsweek” e “New Yorker” são apenas algumas das publicações que dedicaram páginas e páginas à chegada da nova obra às prateleiras – sem contar as prestigiadas revistas científicas “Nature” e “Scientific American”. O trabalho do acadêmico de Harvard foi baseado nas espécies sociais, tais quais vários tipos de abelhas, formigas e nós, humanos. As espécies sociais são 3% do total dos animais do planeta, mas representam 50% de sua biomassa. Para Wilson, só esse dado já seria suficiente para explicar o sucesso desses grupos e constatar que a colaboração entre os indivíduos conta pontos positivos na evolução. Algo semelhante já havia sido observado pelo próprio Darwin no livro “A Evolução das Espécies”. Tentando explicar o altruísmo, o naturalista britânico percebeu que, se esse comportamento aparentemente não oferecia vantagem direta para o indivíduo, parecia ser capaz de garantir um benefício ao grupo. Porém ainda não era claro por que ser altruísta se o egoísmo parecia mais benéfico. “Os animais não precisam competir sempre”, disse à ISTOÉ o professor de antropologia da Universidade de Washington Robert Sussman, autor do livro “Origens da Cooperação e do Altruísmo” (2009). “Quando a cooperação representa uma vantagem para o grupo, os genes que a promovem são lançados à próxima geração, favorecendo esse grupo em relação aos outros”, afirmou Wilson em uma entrevista ao ensaísta científico Carl Zimmer. “Assim, a seleção ocorre no nível do grupo, embora não deixe de acontecer no nível individual.”

“A Conquista Social da Terra” surgiu para se fazer repensar a importância da cooperação, em especial entre os seres humanos. Afinal, se o sacrifício por um parente para a proteção dos genes, propalado pela seleção por parentesco, faz sentido em comunidades de abelhas e de formigas, falta-lhe complexidade para abarcar o ser humano, muitas vezes capaz de se sacrificar por razões bem mais subjetivas, como crenças e ideais. “Nos seres humanos há três aspectos que devem ser levados em conta para explicar a evolução: o corpo físico, os pensamentos e a psique”, afirma Robert Cloninger. “Darwin foca seu trabalho na evolução do corpo, por isso a explicação fica incompleta.” Por ter consciência, a pessoa é capaz de julgar se irá agir a favor ou contra o outro, podendo, inclusive, basear essa decisão em atos que esse mesmo sujeito praticou no passado. Alguém que sempre age de modo egoísta, por exemplo, pode ser rejeitado pelo restante do grupo. “As manifestações de generosidade nos seres humanos são diferentes e mais variadas que as observadas em outros animais”, disse à ISTOÉ o biólogo Michael Wade, que pesquisa evolução e comportamento na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Wade publicou, no fim de abril, um estudo mostrando que, embora o altruísmo esteja presente em várias espécies, o mecanismo pelo qual ele se dá varia. “Existem diferentes tipos de altruísmo, para diferentes ambientes. É o ambiente que determina como ajudar seu vizinho.”

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Trabalhar em conjunto para um fim comum e, com isso, prosperar é também agir com altruísmo. Numa bucólica vila encravada em pleno centro da capital paulista, cerca de 100 pessoas colaboram umas com as outras no âmbito profissional. São produtores culturais, fotógrafos, jornalistas e programadores que formam a Casa da Cultura Digital, onde várias pequenas empresas promovem um intercâmbio de trabalho e cooperam mutuamente. Num ambiente em que não há espaço para a competição e as despesas são divididas, o negócio cresce.

A Casa da Cultura Digital é um exemplo de modelo de sucesso para a organização de empresas tendo como base o altruísmo. Para o americano Steve Denning, autor de vários livros sobre liderança empresarial, a teoria da evolução em grupo defendida pelo cientista ajuda a entender essa e outras fórmulas vitoriosas. Outro exemplo seria o modo como a americana Apple organiza suas equipes de trabalho, mantidas em separado e muitas vezes proibidas de dialogar entre si. Para muitos, essa decisão representa uma perda, na medida em que dificulta o compartilhamento de ideias gestadas pelos times. Denning, porém, lança outro olhar a partir do livro de Wilson. Se a colaboração se dá entre o próprio grupo, mas não para outros grupos – que muitas vezes são entendidos como o inimigo contra o qual se deve lutar –, caberia refletir sobre o seguinte ponto: “Os ganhos ao se suprimir a concorrência interna entre as equipes não compensariam as perdas de não deixá-las dialogar?”, escreveu, em um artigo recém-publicado no site da revista americana “Forbes”.

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Na neurociência, por exemplo, especialistas tentam identificar os mecanismo cerebrais acionados quando se é generoso. “Seres humanos são capazes de se sacrificar por um desconhecido completo ou por um ideal. Isso não é visto em outras espécies”, afirma o neurocientista brasileiro Jorge Moll, do instituto D’Or, no Rio de Janeiro. O pesquisador é conhecido no meio acadêmico por seus estudos sobre a resposta cerebral às ações altruístas. Ele e sua equipe mostraram, por meio de exames de ressonância magnética, que ao se praticar ações altruístas são acionadas as mesmas áreas do cérebro ligadas à recompensa. Como se, ao se doar dinheiro, por exemplo, a sensação percebida fosse a mesma de quando se ganha dinheiro. “Para o cérebro, o que temos é um sentimento de recompensa, assim vale perder para ajudar o outro.” As amigas Flávia Constant, Paula Saldanha e Letícia Verona decidiram se unir e agir por pessoas que elas não conheciam diante da tragédia que matou mais de 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro. Elas não moravam no local nem perderam amigos ou parentes, mas, imbuídas de altruísmo, arregaçaram as mangas e financiaram a construção de quatro casas no distrito de Vieira, em Teresópolis, porque acharam que não podiam ficar alheias à catástrofe. “Não tinha como não ajudar”, diz Letícia.

A generosidade presente no ato das três amigas do Rio de Janeiro também pode ser explicada pela ação da ocitocina, um neurotransmissor muito comum durante a amamentação e que age sobre a capacidade de empatia do indivíduo. “Em experimentos, tem-se visto que os altos níveis de ocitocina durante a lactação deixam tanto a mãe mais cuidadosa com a prole quanto mais agressiva com quem é de fora”, diz Moll. Comportamento que em muito lembra aquele descrito por Wilson para explicar a colaboração entre o próprio grupo, mas não necessariamente com indivíduos de outras comunidades.

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 Nos seres humanos, os modos como um grupo se relaciona com o outro estão ainda sujeitos a fortes influências culturais. “No plano das sociedades, temos características de individualismo e coletivismo e, no plano individual, temos indivíduos mais voltados para a autonomia ou mais interdependentes”, diz a pesquisadora Maria Lucia Seidl-de-Moura, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ela e seu grupo têm buscado compreender o modo como esses elementos são organizados para o desenvolvimento das sociedades. “Não se pode falar que as mais altruístas sejam mais evoluídas, mas é possível perceber que essa característica está mais presente em algumas organizações sociais que em outras”, diz, citando o exemplo do Japão, onde a estrutura social aposta no coletivo e os indivíduos se desenvolvem sob uma cultura de interdependência. Essa capacidade colaborativa se torna evidente em situações como a vivida na ilha após o terremoto de 11 de março de 2011, que exigiu a união do povo para a reconstrução do país. Outros países famosos pela capacidade de se organizar e agir coletivamente em prol da comunidade, quase de forma profissional, para assim alcançarem o bem comum e progredirem, são os Estados Unidos e as sociedades nórdicas, como a Noruega.

Especificamente no exemplo japonês está outro entendimento para o altruísmo, distinto da biologia evolucionista, na qual o conceito é aplicado para explicar a capacidade de um indivíduo abdicar de se reproduzir em prol de outro. Aqui, o altruísmo é apreendido como uma capacidade intrínseca do ser humano de ajudar o próximo, e que pode ser desenvolvida. “Como se fosse uma bagagem dos bebês que pode ser estimulada ao longo da infância e depois”, diz Maria Lúcia. Por isso, muitos defendem a possibilidade de fortalecer esses laços entre as pessoas.

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Um exemplo é o trabalho “Ativando empatias”, iniciado no Canadá e que começa a ser implementado no Brasil pela organização internacional Ashoka. “Mapeamos no Brasil em torno de 15 empreendedores sociais para implementar a ação no País”, diz Mônica de Roure, diretora da Ashoka Brasil. A iniciativa, pensada para em um primeiro momento acontecer em escolas, entende o olhar para o outro como uma espécie de antídoto capaz de barrar um fenômeno cada vez mais comum: a violência perpetrada nos casos de bullying. E também como motor para o desenvolvimento comunitário. “Hoje temos claro que nosso sucesso depende do sucesso do outro. Não adianta, por exemplo, eu trabalhar em uma empresa saudável se ela está em uma comunidade doente. É preciso ter um olhar global para seguirmos adiante”, afirma Rogério Arns, superintendente do Instituto Camargo Corrêa e filho da criadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.

A nova teoria de evolução colocou a comunidade científica em polvorosa, mas está longe de ser unanimidade. Wilson comprou uma briga ao contestar a validade das tentativas mais bem aceitas pelos cientistas contemporâneos para explicar a presença do altruísmo nas espécies, as teorias de seleção por parentesco e a do gene egoísta (leia quadro) – ambas fundadas na ideia de que o altruísmo, no fim, não passaria de uma estratégia egoísta para se passar adiante os genes do indivíduo. Em entrevista à ISTOÉ, Carl Zimmer diz que falta a Wilson testar a hipótese que apresenta. Nigel Barber, nome de peso na biopsicologia e autor de “Bondade em um Mundo Cruel: as Origens do Altruísmo” (tradução livre), também critica o trabalho. “Insistir na ideia de seleção de grupo é fazer pseudociência.” Para o cientista, ainda prevalece o conceito de seleção por parentesco. Ainda não se sabe se a teoria de Wilson entrará para a história como uma revolução à teoria da seleção natural. Mas ela combina muito mais com o conceito de humanidade.

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

TECNOLOGIA JURÍDICA

Aplicativos podem melhorar produtividade de advogados. João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.Revista Consultor Jurídico, 2 de maio de 2012

Telefones inteligentes, que muitos preferem chamar de smartphones, tablets, que poucos ousam chamar de tabuleta, e seus aplicativos, que alguns preferem chamar de apps, são mais poderosos que muitos computadores de mesa (desktops) ou computadores portáteis (laptops ou notebooks) ainda em uso. Entretanto, nenhum desses aparatos eletrônicos tem o poder de tornar um advogado mais competente. Nem mais produtivo, se o advogado já não tem essa qualidade. “Mas, quando usados apropriadamente, ajudam muito a aperfeiçoar a prática da advocacia e aumentar, substancialmente, a produtividade”, diz o advogado Sam Glover, que tem como clientes alguns nerds da informática e é editor da publicação The Lawyerist.

Os aplicativos dos telefones da Apple, Android e Windows, bem como do iPad e outros tablets, devem ser compatíveis com os softwares e serviços utilizados pelo advogado em seu computador. Afinal, ninguém quer um sistema de gerenciamento de casos, por exemplo, que só funciona no telefone inteligente. Nenhum aplicativo deve “aprisionar” seus dados dentro do telefone, embora, de qualquer forma, o usuário precise de algo como o Dropbox para aproveitá-los da melhor forma possível.

Em um artigo para a revista da American Bar Association (ABA), a ordem dos advogados dos Estados Unidos, o autor apresenta os aplicativos que usa e recomenda. O especialista em aplicativos jurídicos e colunista da ConJur, Alexandre Atheniense, que discutiu a utilidade dessas ferramentas com Sam Glover no “Techshow” da ABA em Chicago, no mês passado, coloca as sugestões em contexto para os advogados brasileiros:

Ler documentos: GoodReader

É um aplicativo compatível com iOS, que não se usa todos os dias, mas, definitivamente, é impossível viver sem ele. É um dos primeiros aplicativos que se deve adquirir para um novo iPhone ou iPad. O GoodReader é bom para ver documentos, mas faz mais do que seu nome (BomLeitor) sugere. Ele se parece com um daqueles canivetes suíços, que têm ferramentas para tudo, isto é, para ver e gerenciar documentos. Um de seus principais recursos é a sua capacidade de sincronizar documentos de uma grande variedade de servidores, como Dropbox, Google Docs, FTP e e-mail.

O autor conta que, antes de ir para o tribunal, sincroniza todos os arquivos do cliente no Dropbox e transfere os documentos relevantes para o GoodReader, que tem um navegador de documentos com abas, o que facilita o acesso a qualquer um deles, durante a audiência. Ele diz que não conhece uma alternativa para o GoodReader, mas lembra que o advogado pode usar o Dropbox, que é compatível com Android, iOS, Windows, OS X, Linux e com a computação em nuvem, se estiver sempre conectado e não quiser sincronizar os arquivos em seu dispositivo.

A propósito, o Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos baseado na Web, que usa um sistema de armazenamento em rede para se guardar arquivos e pastas, que podem ser compartilhados com outros usuários pela internet, utilizando-se a sincronização de arquivos, segundo explica a Wikipédia. Há versões gratuitas e pagas do serviço, cada um com suas opções. O advogado poder fazer o download do site da empresa: www.dropbox.com.

Alexandre Atheniense — O GoodReader me parece o aplicativo mais adequado para sincronizar, ler, fazer anotações e compartilhar textos. A exemplo de Sam Glover, várias vezes antes de ir a uma audiência, sustentação oral ou reuniões de negócios, uso o GoodReader para sincronizar os arquivos de dados de um cliente ou assunto que vai ser tratado. Depois sempre faço uma leitura prévia e preparo minhas anotações, que serão úteis posteriormente. O GoodReader acessa arquivos de diversos formatos. Além disso, nem todos os aplicativos que prometem visualização de arquivos funcionam bem com arquivos pdf e txt muito extensos. O GoodReader não tem limites quanto ao tamanho de arquivos para propiciar conforto no acesso.

Outra grande vantagem é que este aplicativo permite que o usuário possa gerenciar os arquivos baixados em diretórios personalizados, renomeá-los e localizá-los por diferentes critérios.

Outro ponto forte do GoodReader é a segurança. O aplicativo propicia até duas senhas para proteção do acesso e opera com o sistema de criptografia de dados para as versões do sistema operacional iOS da Apple.

Gerenciar tarefas: RTM e Wunderlist

Um dos melhores usos de um telefone inteligente e dos tablets é o de gerenciar a lista de tarefas (ou a agenda do dia). O autor diz que é viciado em gerenciadores de tarefas e já tentou todos os aplicativos que caíram em suas mãos. Mas prefere o aplicativo Remember the Milk (RTM), cujo nome é uma referência a um item comum em listas de tarefas cotidianas: “não esquecer do leite”. Ele é compatível com Android, iOS e computação em nuvem.

A preferência do autor se deve ao fato de que o uso do RTM é simples. Mas ele permite ao usuário criar facilmente listas de tarefas e relacionamentos mais complexos. O RTM permite ao advogado anotar tarefas em linguagem clara e objetiva, tal como “Memorando sumário do julgamento devido em 30/4”. E ele “assume” que o usuário deseja agendar esse compromisso para 30 de abril.

O advogado também pode conferir o Wunderlist, que é compatível com Android, iOS, Windows, OS X e computação em nuvem. É uma alternativa não tão inteligente como o RTM, mas faz o que muitas pessoas precisam que faça.

Alexandre Atheniense — O RTM é a ferramenta que uso há quatro anos para gerenciar todas as tarefas de diligências forenses com minha equipe. O RTM permite que uma tarefa seja compartilhada, o que torna essa ferramenta um excelente controlador das atividades profissionais, quando se trabalha em grupo. Toda a programação das atividades diárias é controlada pelo RTM, que por sua vez compartilha estas informações com a nossa agenda eletrônica, controlada pelo aplicativo Google Calendar.

Outra grande vantagem do RTM é a rapidez ao acesso das informações. Quando um cliente liga para saber sobre o andamento do processo ou sobre a próxima diligência a ser cumprida no processo, criamos uma rotina automatizada que, com três cliques pelo smartphone ou tablet, é possível responder a ele de forma precisa, informando-lhe inclusive a próxima atividade a ser exercida. O programa permite o cadastramento de atalhos com o endereço das páginas de tramitação processual dos tribunais, o que torna esta solução uma das mais eficientes para a área jurídica no quesito gerenciamento de tarefas.

Escrever em editor de texto: Daedalus, Writing Kit e Nebulous Notes

Se você não usa um editor de texto quando escreve, você deveria, diz o autor. O Word do Windows e o Pages do Mac, que são “processadores de textos”, na linguagem da computação, são muito bons e tudo o mais, mas você não deveria se preocupar com formatação do texto, margens ou qualquer outra distração quando está escrevendo um resumo dos fatos (brief), por exemplo. O autor diz que escreve todos os seus textos em um editor de texto simples. E, depois de pronto, copia e cola o texto qual seja o seu destino (Word, Pages, Web etc.) e o formata, conforme as necessidades.

Para o iPad, o editor de texto favorito do autor é o Daedalus, que usa uma interface de “pilhas de papel” (metaforicamente) e sincroniza com o Dropbox. Ele recomenda aos advogados que testem também o Writing Kit ou o Nebulous Notes, ambos compatíveis com iOS. Mas, declara que fica devendo uma recomendação de editor de texto para o Android, pois ainda não encontrou um que atendesse suas necessidades específicas. E observa: como se trata de editores de texto, você não pode editar os arquivos, usando o que for; não há formatação para complicar as coisas, quando você transfere documentos entre dispositivos.

Alexandre Atheniense — Além desses, há o Jota Text Editor, que é uma boa solução para quem precisa de um editor para Android. Se os usuários do sistema operacional Android necessitarem editar algum texto gerado em planilhas ou editor de textos, as melhores soluções são o QuickOffice (ver abaixo) ou o Documents to Go.

Escrever em processador de texto: QuickOffice, Word, Pages etc.

O autor diz que não usa processadores de texto frequentemente em seu telefone Android ou em seu iPad. Ele gosta do Pages, da Apple, no entanto. Mas, em geral, trabalhar com documentos formatados em uma plataforma móvel ainda leva a frustrações. E deve continuar assim, até que a Microsoft lance a sua segunda ou terceira versão do Office para cada plataforma. Ele sugere aos advogados que experimentem o QuickOffice, compatível com Android e iOS, como alternativa. Mas recomenda, altamente, que o advogado use um editor de texto para escrever, em vez de um processador de texto. Ou, alternativamente, use acesso remoto (explicado abaixo) para utilizar o Word ou o Pages no computador.

Alexandre Atheniense — Seja qual for o seu aplicativo escolhido, considere sempre a possibilidade de usar, quando for editar em processadores de textos para smartphone ou tablet, um teclado externo com recurso de comunicação via Bluetooth e um monitor de video externo. O teclado sem fio da Apple é uma ótima solução para entrada de dados, enquanto que o adaptador de vídeo da Apple, para monitores VGA ou HDMI, deve ser considerado para buscar mais conforto na edição mais demorada.

Fazer anotações (a mão): Upad e Penultimate

Se for adquirir um tablet, adquira também uma caneta stylus, sugere o autor. Ele prefere a da marca BoxWave. Embora muitas pessoas tenham se adaptado ao teclado na tela, muita gente ainda prefere fazer anotações a mão, como o faria em um bloco de anotações. Existem muitas opções boas entre os aplicativos para escrita a mão em tablets. O autor prefere o Upad, que é compatível com o iPad. Ele tem um mecanismo ótimo para escrita a mão e torna fácil exportar as anotações para PDF, e também para fazer anotações em fotos ou em documentos em PDF.

O autor diz que usa o Upad em reuniões com clientes, em depoimentos/testemunhos, nos tribunais e em muitos outros lugares. A única desvantagem é que ele não sincroniza com o Dropbox. Mas é fácil enviar um e-mail com um arquivo em PDF para você mesmo e, depois, transferi-lo para onde quiser. Ele recomenda aos advogados conferir, também, o Penultimate, compatível com o iPad. É uma alternativa com uma interface mais simples, mas com menos opões.

Alexandre Atheniense — Eu uso esses programas que permitem tomar notas e gravar as reuniões em todas as minhas entrevistas com clientes. No entanto, meu aplicativo preferido para isso é o Notability. A sua grande vantagem, que o destaca dos demais, é a possibilidade de indexar o arquivo de áudio gravado durante as entrevistas com as anotações. Por exemplo, quando quero acessar um determinado trecho da gravação durante uma reunião, basta clicar no trecho da anotação escrita para acessar rapidamente a parte que me interessa. Além disso, logo após a gravação, esse aplicativo exporta as anotações em formato rtf ou pdf para plataformas de computação em nuvem, como box.net, dropbox. E, ainda, possibilita o envido do arquivo de áudio e das anotações por e-mail.

Fazer anotações (com o teclado): Evernote e OneNote

Muita gente se acostumou a digitar suas anotações em uma tela tátil (touchscreen) e prefere isso a fazer anotações a mão. Mas quem não se adaptou a esse teclado digital, pode portar um teclado tradicional Bluetooth, quando houver muita digitação a fazer. O autor diz que usa um teclado wireless da Apple em casa, quando vai escrever em seu iPad.

Para fazer anotações com o teclado em seu tablet, e escrever textos mais longos, nada melhor do que o aplicativo Evernote, ele afirma. Esse app é compatível com Android, iOS, Windows, OS X e computação em nuvem. E é bom porque, além de possibilitar a realização de anotações diretamente, você pode fotografar notas em papel, quadros de aviso ou de qualquer coisa com textos. E o Evernote irá reconhecer os textos com admirável precisão, de forma que você pode buscá-los quando precisar.

O autor diz que usa o aplicativo no trabalho e também para gravar no tablet rótulos de uísque, vinho e queijos, além de cartões de visita, ideias para melhorar a casa, listas de compras, restaurantes que quer ir e muitas outras coisas. O Evernote sincroniza com os demais dispositivos, com computação em nuvem e com o computador. É compatível com Windows e Mac. Como alternativa, o advogado deve conferir, também, o OneNote da Microsoft. É compatível com iOS, Windows e computação em nuvem.

Alexandre Atheniense — O Evernote vem se tornando uma das ferramentas mais úteis em meu trabalho cotidiano, pela facilidade de capturar rapidamente textos e áudio, em várias situações. Uma das grandes vantagens do Evernote é a possibilidade de localizar textos a partir de uma imagem, o que poucos programas de anotações conseguem fazer. O sincronismo dos dados entre as diversas plataformas é outro grande diferencial. Recentemente, o Evernote lançou o aplicativo Foods que permite ao usuário criar um banco de dados, com imagens e anotações, dos seus pratos favoritos, registrando o local onde estava e suas impressões sobre a experiência gastronômica.

Acessar remotamente o computador: Splashtop, Screens VNCe GoToMyPC

Não é possível fazer tudo em um tablet. Assim, o computador ainda é necessário para muitos trabalhos. Há algumas ótimas opções de acesso remoto ao computador para tablets, diz o autor. Ele prefere Splashtop, compatível com iOS, Windows, Android e OS X. Para ele, esse aplicativo funciona muito bem quando precisa editar um documento no Word ou anotar uma transação no QuickBooks, mas está longe de seu computador ou apenas com preguiça de levantar do sofá para procurá-lo. Ele recomenda aos advogados que confiram, também, os aplicativos Screens VNC (da Apple, para iPhone e iPad, compatível com iOS e OS X) e GoToMyPC (para Android, iPhone e iPad), compatível comWindows e OS X).

Alexandre Atheniense — Eu uso o Log MeIn, um aplicativo que permite o acesso remoto ao computador, com várias funções, como controle remoto, transferência de arquivos, acesso a dispositivos móveis e muito mais. O Log MeIn Free (gratuito) permite ao usuário o controle do computador remoto, como se estivesse sentado à frente dele. O LogMeIn Pro acrescenta alguns recursos, como transferência de arquivos, compartilhamento de arquivos, impressão remota (imprimir documentos, a partir do computador remoto para uma impressora próxima, de vídeo HD e som). Quando você necessitar acessar o seu computador remotamente, basta ir ao site do LogMeIn e se conectar a sua conta. O LogMeIn usa criptografia de 256 bit SSL. Os usuários do iPhone e iPad podem baixar o aplicativo LogMeIn gratuito, para conseguir acesso ao computador remoto. Os usuários do Android precisarão comprar o Android LogMeIn ($ 29.99 no Android Market).

Gerenciar senhas: LastPass e 1password

Esses dois gerenciadores de senha são muito bons. Eles possibilitam aos usuários acessar suas senhas no dispositivo, computador ou qualquer navegador, sem falhas de segurança. O autor diz que usa o LastPass, compatível com iOS, Android, Windows, OS X, Linux e computação em nuvem). E não sabe como pode viver sem esse aplicativo, antes de descobri-lo. Mas recomenda aos advogados que confiram também o 1password (1senha), compatível com iOS, Android, Windows, OS X e computação em nuvem).

Alexandre Atheniense — Em minha opinião, o 1password é um aplicativo indispensável. A necessidade de gerenciar uma quantidade cada vez maior de senhas demanda a utilização de um aplicativo para essa finalidade. Uma vantagem, que destaca o 1passowrd, é a possibilidade de fazer backup e restaurar o arquivo de dados criptografado com o Dropbox. Isto facilita muito a sincronização de todas as suas senhas entre vários dispositivos.

Comunicar-se e fazer videoconferências: Skype e GoToMeeting

O Skype, compatível com iOS, Android, Windows, OS X e Linux, é uma ferramenta de trabalho e de comunicações, em geral, indispensável para quem precisa ficar em contato com o escritório, com clientes, com pessoas da família e amigos, quando estiver em qualquer lugar. É ótimo para videoconferência e também para fazer e receber chamadas telefônicas.

O GoToMeeting, sugerido por Alexandre Atheniense, permite a realização de videoconferências com até 15 pessoas. Usando uma ferramenta de conferência pela Web, você pode compartilhar qualquer aplicativo em seu computador, em tempo real. Os demais participantes podem aderir à videoconferência em segundos.

Alexandre Atheniense — Pessoalmente, uso o GoToMeeting porque é uma solução estável e que me permite grande flexibilidade para convocar videoconferências com clientes e parceiros. Já cheguei a criar uma videoconferência com 15 pessoas, simultaneamente, com imagem em alta definição. Um ponto forte do GoToMeeting é que ele torna possível convidar para a sala de reunião virtual usuários que só estejam usando telefones ou mesmo portando smartphones ou tablets. Além disso, é possível compartilhar um documento que esteja sendo visualizado na tela, permitindo, se for o caso, que o interlocutor assuma os comandos do teclado e do mouse do computador do apresentador ou mesmo compartilhar sua tela.

Na minha opinião, a vantagem do GoToMeeting é a facilidade de engajamento dos clientes na utilização da videoconferência. Mesmo que jamais tenham utilizado uma solução de videoconferência antes, a adaptação é simples e com isso há uma enorme economia de deslocamento e sobretudo cria oportunidades de negócios além dos limites geográficos presenciais.

Outras ferramentas úteis

O iPad não vem com uma calculadora. O autor recomenda o Soulver, compatível com iOS, que é uma espécie de cruzamento entre a calculadora e o Excel, mas melhor que os dois. Para ele, esse é um aplicativo muito bom para se calcular acordos complexos ou taxas de contingência às carreiras. Também pode ser usado no iPhone.

O Instapaper, compatível com iOS e computação em nuvem, é uma ferramenta fantástica, diz o autor, para guardar coisas para serem lidas mais tarde. Ele usa esse aplicativo para guardar reportagens ou artigos longos, que só poderá ler no iPad, quando tiver tempo para isso.

Esses são os aplicativos que o autor usa todo o tempo. Mas ele admite que existem muitos outros que podem tornar o trabalho e a vida dos advogados mais fácil e mais produtiva. Os próprios advogados devem ter mais algumas boas sugestões para seus colegas.

DOWNLOAD ILEGAL NÃO É ROUBO

Qualificação da infração. Download ilegal não é roubo de propriedade intelectual - João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos. Revista Consultor Jurídico, 23 de abril de 2012

Por mais que baixar filmes ou músicas pela internet seja uma prática errada, caracterizada como ilegal, ela não pode ser juridicamente qualificada como roubo — nem mesmo furto — de propriedade intelectual. As indústrias da música, do cinema e do vídeo, entre outras, se referem ao download não autorizado como roubo para que as pessoas se sintam ameaçadas. Mas roubo — ou furto — significa se apossar de alguma coisa que pertence a outra pessoa. No caso de downloads, ninguém perde a propriedade de sua obra. O posicionamento foi defendido em entrevista ao canal de TV ABC pelo professor da Faculdade de Direito da Universidade Rutghers, de Nova Jersey, Stuart Green, que também é especialista em crime do colarinho branco.

No momento, os americanos discutem a qualificação dessa infração. É uma discussão importante, segundo o professor, porque há alguns anos as produtoras de bens intelectuais, os parlamentares que as defendem, agentes do FBI e promotores tentam fazer o público pensar sobre esse problema como um roubo. E tentam usar o peso moral do roubo para condenar essa prática. Mas muita gente distingue a apropriação de bens tangíveis da apropriação de bens intangíveis. Assim, pessoas que nunca entrariam em uma loja para roubar um DVD ou um CD, podem não ser relutantes em baixar alguma coisa da internet, diz ele.

"Para os jovens, por exemplo, fazer o download de música, filmes, vídeos e softwares da internet sequer parece uma coisa errada, carregada com a mesma dose de ilegalidade que caracteriza o furto de propriedades físicas", diz o professor. "Quando se trata de propriedade intangível, a coisa muda de figura. Se eu coloco alguma dessas propriedades em meu website para ganhar dinheiro, mas você descobre uma maneira de baixá-la sem me pagar, você não me subtraiu aquela propriedade, porque eu ainda a tenho", explica.

Se não é furto e muito menos roubo, o que é então?

Em vez de falar sobre esses tipos de crime, é melhor falarmos sobre transgressão, contravenção ou, quem sabe, apropriação indébita ou uso não autorizado, diz. No caso, a transgressão é tradicionalmente entendida como o uso temporário da propriedade de alguém, sem a devida permissão. "Mas isso não significa subtração de propriedade. Dizer que alguém roubou a propriedade de alguém torna a coisa muito mais séria. É provavelmente uma das formas mais substanciais de crime contra a propriedade que temos", diz ele.

"E isso é exatamente o que as indústrias americanas do cinema, da música, do vídeo, entre outras, querem que aconteça. Elas querem que as pessoas acreditem que fazer o download de suas obras é um crime tão sério quanto o roubo, que deve ser punido na mesma medida", declara. Mas, por essa ser uma ideia que muita gente não aceita, é preciso rever todo o quadro, antes que ele comece a minar a eficácia e a legitimidade da legislação pertinente e as pessoas deixem de levar a lei a sério, afirma.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

UM GLOSSÁRIO PARA A WEB

Os termos que devem estar na ponta da língua de quem deseja atuar no mercado digital - Ione Luques - O GLOBO, 3/05/12 - 10h27

RIO - Ad Networks, Criptografia, Demand Side Plataform, CTO, COO e Análise SWOT. Jovens profissionais e empreendedores que pretendam se aventurar no mercado digital precisam estar atentos a esses e dezenas de outros termos, siglas e expressões utilizados neste amplo universo, que engloba áreas como tecnologia da informação, redes sociais, marketing e publicidade.

Esses termos, assim como as novas tecnologias, surgem num piscar de olhos. O segmento, inclusive, desenvolveu toda uma ramificação de cargos, com nomes como CTO (chief technology officer), CIO (chief of information officer), CMO (chief of marketing officer), COO (chief of operation officer) e CFO (chief of financial officer). E a maioria não entende que funções estão atreladas a cada um deles.

Guilherme Mamede, por exemplo, é CEO (chief executive officer) da Melt, plataforma brasileira de compra de mídia on-line, que recentemente fechou parceria com o Google, para negociar os espaços publicitários da gigante americana no Brasil. Todo o processo envolve milhares de verbetes comuns aos especialistas do mercado digital, mas são completamente desconhecidos por boa parte daqueles que buscam ingressar no setor ou até mesmo usufruir dos serviços oferecidos. Para o sucesso do negócio, toda a empresa - diretores e funcionários - teve que se familiarizar com esses termos. Inclusive saber o que faz um CEO:

- Tenho como atribuição direcionar a empresa estrategicamente e posicioná-la no mercado nacional e internacional como um importante player dentro do segmento em que atua. Planejo a plataforma em termos de produto sempre alinhando com as possibilidades que a Tecnologia da Informação (TI) me fornece. Elaboro parcerias estratégicas com empresas que agregam valor à Melt e que a tornam cada vez mais diferenciada no mercado. Basicamente meu papel é olhar para fora da empresa e traçar um caminho - explica Mamede.

Já o sócio de Mamede, Juliano Vidal, é o CTO da empresa, responsável pelo planejamento técnico e estratégico da área de TI, mantendo a mesma sempre alinhada à área de negócios, assegurando, assim, o crescimento da empresa e atingindo as expectativas do CEO e dos clientes. Além da parte de negócios, cuida para que tudo que foi planejado pela área de design seja implantado de forma correta pelos desenvolvedores e para que os serviços da empresa nunca parem de funcionar.

Se o seu plano de carreira inclui atuar no mercado digital, clique aqui e conheça as palavras relacionadas ao mundo virtual, as expressões mais usadas na internet, termos técnicos e siglas que precisam estar na ponta da língua daqueles que trabalham na área.


Termos mais usados no mercado digital. Conheça as expressões essenciais para quem trabalha com a web

Ad Exchanges: são plataformas tecnológicas que facilitam a compra e venda de mídia on- line. A tecnologia oferecida por uma Ad Exchange cria uma espécie de mercado, no qual aqueles que ofertam espaços publicitários (como os Ad Networks) podem conectar-se com aqueles que demandam esses espaços, determinando as regras de oferta e demanda deste mercado de mídia on- line.

Ad Networks: são redes de sites que ofertam espaços publicitários, por categoria ou pacote geral. Ex.: Lomadee e Hi-Midia.

Add on - Refere-se a módulos de hardware ou software (subsistemas ou pseudoprogramas) que suplementam ou aumentam as ferramentas e possibilidades de uso ou características originais onde são utilizados.

Análise SWOT - O termo SWOT é uma sigla em inglês que significa forças (strengths), fraquezas (weaknesses), oportunidades (opportunities) e ameaças (threats). É um processo de identificação desses quatro fatores para posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa no ambiente em que atua. Oportunidades são situações externas, atuais ou futuras, que, se adequadamente aproveitadas pela empresa, podem influenciá–la positivamente. Ameaças são situações externas, atuais ou futuras, que, se não evitadas pela empresa, podem afetá-la negativamente. Forças são características da empresa, tangíveis ou não, que podem ser potencializadas para otimizar seu desempenho. Fraquezas são características da empresa, tangíveis ou não, que devem ser minimizadas para evitar influência negativa sobre seu desempenho.

B2C (Business to Consumer) - São todos os processos que permitem que um consumidor final possa adquirir um produto ou serviço através da internet.

Backup - É a cópia de dados de um dispositivo de armazenamento a outro para que possam ser restaurados em caso da perda dos dados originais, o que pode envolver a pagamentos acidentais ou corrupção de dados.

Banner - Forma publicitária mais comum na internet, muito usado em propagandas para divulgação de sites na internet que pagam por sua inclusão. É criado para atrair um usuário a um site através de um link.

Benchmarking - É simplesmente o método sistemático de procurar os melhores processos, as ideias inovadoras e os procedimentos de operação mais eficazes que conduzam a um desempenho superior. É a busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior.

Blog - Página da web constituída de informações atualizadas e breves, atualizada regularmente e organizada em ordem de data, com objetivos de entretenimento, profissionais, acadêmicos e outros. Ferramenta de comunicação que dá suporte à interação de pequenos grupos por meio de um sistema simples e fácil de troca de mensagens, podendo ser utilizada por membros de uma família,uma empresa ou qualquer instituição.

Brainstorming - Atividade desenvolvida para explorar o potencial criativo de uma pessoa ou grupo de pessoas com determinado objetivo. Na prática do brainstorming, não se devem ter críticas ou restrições às ideias que surgirem.

Branding - Envolve o processo de gestão da marca, construindo-a de forma a deixar clara a sua importância da marca. Deve-se considerar as impressões do consumidor em relação ao produto ou serviço representado pela marca e a imagem que o consumidor tem da mesma e sua representatividade.

Briefing - Conjunto de informações sobre um determinado produto ou serviço, contendo público-alvo, histórico, estratégia, posicionamento do produto/serviço, meta desejada, desafio da comunicação, principais pontos positivos e negativos, diferenciais, entre outras, que dão base para o processo de planejamento de ações.

Buying Persona - É a descrição detalhada do perfil de um comprador fictício, visando a representar o público real. Ou seja, é uma espécie de arquétipo de seu público-alvo.

CFO (Chief Financial Officer - Chefe do Setor Financeiro ou Diretor Financeiro) - É o responsável pela administração dos riscos financeiros de um negócio. Esse executivo é também responsável pelo planejamento financeiro da empresa.

Ciclo de Vida do Produto/Serviço - Conjunto de etapas, normalmente quatro (lançamento, crescimento, maturidade e declínio), pelo qual passa um produto ou serviço.

Cloud Computing - Se refere, essencialmente, à ideia de utilizarmos, em qualquer lugar e independente de plataforma, as mais variadas aplicações por meio da internet com a mesma facilidade de tê-las instaladas em nossos próprios computadores. Outras vantagens associadas ao cloud computing são: na maioria dos casos as aplicações podem ser acessadas independente do sistema operacional ou hardware; facilita o compartilhamento de dados e trabalho colaborativo; menor custo; e alta disponibilidade.

Criptografia - é o nome dado ao processo de codificação de informações. As informações são codificadas (embaralhadas) na origem e decodificadas no destino, dificultando, dessa forma, que sejam decifradas durante o tráfego na internet.

CRM (Customer Relationship Management - Gestão do Relacionamento com o Cliente) - É um processo contínuo e evolutivo de conhecimento e comunicação interativa com os clientes. Compreende três etapas básicas que são continuamente ativadas: análise profunda das características e comportamentos do cliente, Planejamento de campanhas de marketing e de interação com o cliente; e efetivação das ações de marketing e vendas.

DBM (Data Base Marketing) - É utilizado na busca por informações que permitem a aquisição de conhecimento estratégico sobre o público-alvo desejado, possibilitando uma abordagem assertiva aos diferentes perfis de clientes, prospects e suspects, ajudando a sua empresa a alcançar os objetivos da marca ou produto.

Demand-Side Platform (DSP): é um sistema que permite que os anunciantes digitais gerenciem múltiplos Ad Exchanges e participem de Real-time bidding, ou seja, leilões de espaços publicitários em tempo real. Desta forma, a DSP avalia o perfil do usuário do site dos Ad Networks e decide se o perfil deste se encaixa no público-alvo da campanha publicitária do cliente e quanto o cliente pode pagar por aquela impressão (a divulgação da campanha publicitária naquele Ad Network, que pode ser um banner, por exemplo), naquele específico acesso de referido usuário. Este procedimento acontece em milésimos de segundos para não afetar a navegação, de forma que, se o usuário do site das Ad Networks solicitar a atualização da página, é possível que outra impressão esteja sendo divulgada.

DW (Data Warehouse) - É um sistema de computação utilizado para armazenar informação relativa às atividades de uma organização em bancos de dados, de forma consolidada. O desenho da base de dados favorece os relatórios e análise de grandes volumes de dados e obtenção de informações estratégicas que podem facilitar a tomada de decisão.

E-business (Negócios Digitais) - Modalidade que utiliza a tecnologia digital, especialmente a internet, para realização de negócios.

E-commerce (Comércio Eletrônico) - É a transação comercial realizada através de um equipamento eletrônico, como por exemplo o computador ou tablet. O melhor exemplo de e-commerce é a venda e compra pela internet.

ECR (Efficiente Consumer Response - Resposta Eficiente ao Consumidor) - Trata-se de software que permite o gerenciamento automático de estoques visando a reposição automática de itens, utilizando-se de código de barras scanner, EDI etc. É um modelo estratégico de negócios, no qual fornecedores e varejistas trabalham de forma integrada, visando a melhorar a eficiência na cadeia de abastecimento, de forma a entregar maior valor agregado ao cliente/usuário final. Procura-se relacionar vendas finais no varejo com as programações de produção e a expedição com a cadeia de abastecimento. Também chamado de Programa de Resposta Rápida (quick response) ou, simplesmente, Resposta Rápida.

EDI (Eletronic Data Interchange - Intercâmbio Eletrônico de Informações) - É a troca automatizada, computador-a-computador, de informações de negócios/estruturas, entre uma empresa e seus parceiros comerciais, de acordo com um padrão reconhecido internacionalmente. Trata-se da troca eletrônica de documentos padronizados entre parceiros de uma cadeia de abastecimento ou entre unidades de uma mesma empresa separadas fisicamente. Quando associado ao uso do código de barras, leitoras óticas e sistemas de informações logísticas,constitui a base sobre a qual se viabiliza a implantação do ECR.

ERP (Enterprise Resource Planning - Planejamento de Recursos da Empresa) - É um sistema de gestão Integrada, uma solução modular para informatização integrada de processos de negócio, uma arquitetura de sistemas que facilita o fluxo de informações entre todas as atividades da empresa

ETL (Extract Transform Load - Extração Transformação Carga) - São ferramentas de software cuja função é a extração de dados de diversos sistemas, a transformação desses dados conforme regras de negócios e, por fim, a carga dos dados em um data warehouse.

GIF (Graphic Interchange Format) -É um formato gráfico com grande capacidade de compressão. A maioria das imagens na internet é um GIF.

HTML (Hipertext Mark-up Language) - É uma linguagem padronizada de layout de documentos e links hipertexto, independentemente de plataforma. HTML é um subconjunto do SGML (Standard Generalized Markup Language) e é usada para conectar documentos na web.

Landing Page - A landing page, em uma tradução direta, é a página na qual o leitor vai, na maioria das vezes, "pousar" no seu website. Em outras palavras, ela é a página de entrada de seus clientes, comumente denominada de "home".

M-commerce - É o comércio eletrônico ou transações eletrônicas realizadas através de dispositivos móveis (celulares, PDAs, smartphones etc).

Middleware - Programa que cria uma mesma interface para fabricantes e produtores de conteúdo.

MIS (Management Information Systems) - É um sistema que consiste na rede de canais de comunicação da organização. É composto por todos os componentes que recolhem, manipulam e disseminam as informações. Incluem-se hardware, software, pessoas, sistemas detelecomunicação, e os dados propriamente ditos. As atividades envolvidas no MIS incluem a introdução de dados, processamento dos dados em informação,armazenamento de ambos, e a produção de resultados, como relatórios de gestão.

Mobile marketing - Marketing feito através de meios de comunicação móveis (celular, handheld, notebook com acesso móvel, pager, entre outros).

OLAP (Online Analytical Processing) - Processamento analítico em tempo real, para rapidamente dar resposta a questões complexas relacionadas à base de dados. Este tipo de análise, à base de dados, é essencialmente usada em relatórios de vendas, de gestão, marketing, data mining e outras áreas do gênero. É a tecnologia que permite ao usuário extrair e visualizar informações de um banco de dados de forma seletiva e simples, sob diferentes pontos de vista. Uma aplicação baseada em OLAP tem a capacidade de responder rapidamente as solicitações de informações, diferentemente de aplicações tradicionais baseadas em banco de dados. Outra característica típica é que essas informações são normalmente extraídas de um grande volume de dados armazenados.

Plug in - É um programa de computador usado para adicionar funções a outros programas maiores, provendo alguma funcionalidade especial ou muito específica.

RFID (Radio frequency identification) - É um termo usado para identificar as tecnologias que utilizam a frequência de rádio para captura de dados. Essa tecnologia permite a captura automática de dados para identificação de objetos com dispositivos eletrônicos conhecidos como etiquetas eletrônicas, tags ou transponders, que emitem sinais de rádio-frequência para leitores que captam estas informações.

RSS (Really Simple Syndication) - É um recurso desenvolvido em XML que permite aos responsáveis por sites e blogs divulgarem notícias ou novidades destes. Para isso, o link e o resumo daquela notícia (ou a notícia na íntegra) é armazenado em um arquivo de extensão .xml.

SaaS (Software as a Service) - Sistema pelo qual o software é oferecido pela internet através de locação, sob demanda. Hoje, o SalesForce.com é um bom exemplo de aplicativo de automação de força de vendas oferecido em formato SaaS.

SQL (Structured Query Language - Linguagem de Questões Estruturadas) - É uma linguagem de pesquisa declarativa para banco de dados relacional (bases de dados relacionais).

VMI (Vendor Managed Inventory - Inventário Gerenciado pelo Fornecedor) - Trata-se de sistema que permite o gerenciamento dos inventários do cliente, diretamente pelo fornecedor (indústria). Assim, automaticamente, determinam-se quantidades e os itens a serem repostos. Semelhante ao ECR apenas com a diferença que não está voltado ao varejo. É um sistema de parceria em que o fornecedor repõe os estoques do cliente com base nos níveis de estoques informados pelo próprio cliente por via eletrônica (EDI, Internet etc.)

WMS (Warehouse Management System - Sistema de Gestão dos Centros de Distribuição) - É uma parte importante da cadeia de suprimentos (ou supply chain) e fornece a rotação dirigida de estoques, diretivas inteligentes de picking, consolidação automática e cross-docking para maximizar o uso do valioso espaço do armazéns.

XML (Extensible Mark-up Language) - É uma espécie de substituto do HMTL, e ambos pertencem à família SGML –Standard Generalized Makup Language, padrão internacional para definição de estruturas e conteúdo de documentos eletrônicos.