É triste ser governado por poderes fracos que desprezam o povo e relegam a lei.
Temos um Poder Judiciário que centraliza todas as decisões nas cortes supremas onde poucos juízes demoram anos para decidir a vida e o patrimônio das pessoas. Alguma destas pessoas esperam angustiadas por uma solução a vida toda. Pessoas que gostariam que suas divergências tivessem um rápido fim, muitas vezes morrem sem saber os resultados das suas lides judiciais. Há, ainda, aqueles que tentam ser honestos respeitando as leis e a autoridade, pagando seus impostos e colaborando com o Estado no que é possível, mas sofrem o sucateamento da saúde, com a precariedade da educação e com a ação contínua da bandidagem, livres por leis benevolentes e por uma justiça tolerante, morosa e divergente que alega não ter cadeia para colocar seus apenados. É aquela justiça que prefere entregar o povo à bandidagem do que processar e punir o culpado do caos prisional.
Votamos e elegemos pessoas dignas para nos representarem no parlamento, crentes que ele irão fazer a diferença, agir com probidade e promover a segurança jurídica. Mas as atitudes, as posturas, as farras e os maus exemplos provam exatamente o contrário. Ao invés de representarem o povo, alguns passam a representar seus interesses futuros e dos seus militantes, envolvendo-se nas teias de um sistema corruptor e corporativo que troca favores, distribui dinheiro público e autoconcede salários extravagantes num país onde se pagam salários miseráveis para os policiais, médicos, bombeiros, agentes de saúde, educadores e trabalhadores em geral. Servidores que colocam a vida em risco no dever funcional são discriminados em relação aos mais influentes no poder. Assim, investidos em cargos públicos, oportunistas tomam posse dos cargos como se servidores públicos concursados fossem, adquirindo direitos que nada mais são do que privilégios de uma elite aristocrática dos tempos feudais.
As pessoas eleitas como representantes do povo no parlamento estão lá para fiscalizar os atos do Executivo, exigir a aplicação da lei pelo Judiciário, zelar o erário e elaborar leis necessárias ao desenvolvimento, controle do país e preservação da paz social. O parlamento não pode se render a interesses corporativistas, pois é o poder que consolida a democracia, limita a ganância dos outros poderes, que regula a harmonia, que fortalece as leis e que exige o cumprimento das funções precípuas dos Poderes de Estado. Se o parlamento rasga a constituição, deixa de legislar, não fiscaliza e despreza o clamor popular é porque está arruinado, destruído e incapacitado para representar seus eleitores.
Votamos ainda numa pessoa para ser o chefe executivo do país atribuindo-lhe o papel de transformar as leis em ato concreto e individual, harmonizar os poderes, aproximar o Estado do povo e guiar a nação como o seu representante maior. O papel deste governante é muito claro e teria a confiança do povo se investisse em educação, saúde, segurança, moradia e alimentação ao invés da retórica, das promessas, das trocas de favores, da tributação de impostos e das obras inacabadas. Porém, no Brasil, as áreas mais vitais para a necessidade básico do brasileiro são justamente aquelas áreas esquecidas, banidas do foco político e surrupiadas de bons investimentos.
O retrato do Brasil está numa constituição esdrúxula e remendada, numa justiça lerda e distante dos delitos, na corrupção nos cargos públicos, nos desvios de recursos públicos, na sonegação, na pirataria, na improdutividade do parlamento, nos direitos humanos desrespeitados dentro dos presídios, na inoperância do ministério público e da defensoria, no retrabalho de uma policia enfraquecida, nos mesmos bandidos libertos pelas benevolências, nos enfrentamentos e tiroteios, nas execuções, nas mortes de pessoas inocentes, nas balas perdidas que matam crianças, no consumo elevado de drogas e no crescimento do tráfico de armas, drogas, pessoas e animais. Um retrato onde o povo é a moldura encarregada de sustentar a imagem do país pagando os mais altos impostos e sustentando as máquina estatal mais onerosa do mundo.
E o povo pagador de impostos é a ovelha sacrificada sem direito e sem paz.
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