sexta-feira, 21 de outubro de 2011

GRE-NAL DA VERGONHA

DAVID COIMBRA, zero hora 21/10/2011


O pior lado da rivalidade Gre-Nal causou, ontem, um prejuízo incalculável a Porto Alegre e ao Rio Grande do Sul. A perda da Copa das Confederações e a diminuição da importância da participação da cidade na Copa do Mundo situam-se muito além das meras e mesquinhas questões esportivas.

A não participação na Copa das Confederações talvez seja ainda mais grave do que a tímida participação na Copa do Mundo. A seleção uruguaia provavelmente jogaria em Porto Alegre, trazendo junto 40 ou 50 mil turistas uruguaios. Imagine-se um jogo entre Uruguai e Espanha, por exemplo. Imagine-se a Alemanha ou a Itália jogando no Estado. Imagine-se o lucro da rede hoteleira, dos taxistas, dos bares e restaurantes, da cidade inteira com recursos diretos e indiretos e também com a projeção internacional.

Porto Alegre não abocanhará esse quinhão.

Por quê?

Por causa da nefanda grenalização de tudo o que ocorre no Rio Grande do Sul. Assim como a rivalidade Gre-Nal já fez Grêmio e Inter conquistarem o mundo, faz, também, às vezes, com que gremistas e colorados sabotem-se mutuamente quando têm de se unir. No caso específico, gremistas e colorados deveriam ter se unido lá atrás, quando começaram as tratativas para a cidade ser uma das sedes da Copa do Mundo e da Copa das Confederações.

As lideranças do Estado, o governador, o prefeito, o presidente da Federação, os presidentes dos clubes, deputados, senadores e vereadores, as lideranças todas deveriam ter conversado com responsabilidade, seriedade e ponderação sobre o que Porto Alegre deveria e poderia fazer para ser uma boa sede para as competições.

Mas isso não foi feito. Ao contrário, houve uma rala disputa Gre-Nal para sediar a Copa, e essa disputa ainda não acabou. Colorados se apressaram em apresentar sua candidatura, gremistas trabalharam nos bastidores contra a candidatura colorada, jamais houve uma união em torno de um objetivo, jamais houve uma discussão desapaixonada e adulta do tema. É a grenalização tosca, superficial e, o pior de tudo, pouco inteligente.

Não há mais tempo de salvar o que se perdeu. Mas ainda há tempo para que não se perca ainda mais. Desde que haja um pouco, só um pouco, de bom senso.

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