segunda-feira, 21 de setembro de 2015

E SE O SUL SE SEPARASSE DO BRASIL?




Pergunta do leitor - Gabriel Afonso Costacurta, São Miguel do Oeste, SC

REVISTA MUNDO ESTRANHO, Edição 159


por José Eduardo Coutelle


Parte expressiva da produção agrícola e industrial, da força de trabalho e da capacidade intelectual do Brasil seria perdida. O Sul é a região com melhores índices de empregabilidade, educação e desenvolvimento humano. Mas o novo país não seria necessariamente melhor que o restante do Brasil e também teria uma série de desafios a enfrentar. Entre eles, a falta de uma unidade cultural, divergências políticas, crise energética e dificuldade em obter certos produtos ou matérias-primas.

O Sul tem um histórico de lutas por independência. A Revolução Farroupilha (1835-1845) resultou na primeira experiência de presidencialismo e democracia em território brasileiro. Antes mesmo da proclamação da República, o movimento criou temporariamente as repúblicas Rio-Grandense e Juliana (no RS e em SC, respectivamente), durante o Império de dom Pedro II.

A política externa da República do Mate seria bastante voltada para os países da região platina - Argentina, Uruguai e Paraguai

Sem produzir gasolina, uma opção seria investir no etanol. Atualmente, a região Sul abriga apenas 7% das plantações de cana-de-açúcar brasileiras

Além de um Banco Central e uma moeda própria, o Mate teria que providenciar um código de ligação internacional (DDI) e um domínio de internet (.rmt)

Com a redução na capacidade agrícola, o Brasil provavelmente desmataria ainda mais a Floresta Amazônica para abrigar novas plantações

A produção escoaria pelos portos de Rio Grande (RS), Itajaí (SC) e Paranaguá (PR). A posição estratégica deles reduziria deslocamentos e gastos com transporte.


REPÚBLICA DO MATE

A erva, usada em bebidas como chimarrão e tereré, seria o símbolo da nova nação


FRONTEIRAS

A tentativa de separação resultaria em resposta imediata do governo brasileiro, primeiro com a destituição dos governadores e em seguida com o avanço das Forças Armadas. A independência poderia ser pacífica, por meio de plebiscito recomendado pelo Congresso Nacional ou como resultado de um acordo de paz, em caso de conflito

POLÍTICA

O primeiro ato seria elaborar uma Constituição, definir a forma de governo e o processo eleitoral. Com histórico de oposição ao regime militar e uma tradição de líderes fortes, o país seria uma república governada por um presidente carismático, que precisaria conciliar interesses de gaúchos, catarinenses e paranaenses

ENERGIA

Sem Itaipu - o Brasil não abriria mão de uma das maiores hidrelétricas do mundo -, a principal fonte de energia seria o carvão mineral. A energia eólica teria que receber mais investimento e o país teria que importar gás natural da Argentina, além de ampliar hidrelétricas do rio Uruguai. Sem produção local de petróleo, o preço dos combustíveis dobraria

GOVERNO

A capital seria Chapecó (SC), planejada, localizada no centro do país e com infraestrutura de aeroporto. Alguns ministérios e os poderes Legislativo e Judiciário poderiam estar em outros estados. Outra questão é se as capitais estaduais seriam mantidas ou se o país seria uma república unitária, sem estados, como o Uruguai

AGRICULTURA

O principal setor da economia mateana afetaria a mesa do cidadão brasileiro. A região produz quase todo o trigo, a maior parte do arroz, mais da metade da cebola e um terço da batata inglesa, soja e milho do Brasil. O Mate também exportaria cevada para todas as cervejarias brasileiras, mas por outro lado teria que importar cacau e café

PECUÁRIA

A maioria do presunto consumido no Brasil seria importado, já que o Sul é referência na produção de frangos e suínos. Um terço do leite brasileiro também viria da República do Mate. Já o tradicional churrasco gaúcho seria afetado pela falta de carne. O novo estado produziria menos gado bovino que São Paulo

INDÚSTRIA


O Mate seria uma potência do setor metalmecânico. A região abriga siderúrgicas, montadoras de caminhões, carrocerias, reboques e retroescavadeiras. Além disso, o Brasil dependeria do vizinho para manutenção e ampliação do transporte coletivo, já que cerca de 70% dos ônibus brasileiros são montados na região Sul


Fontes:
Sites Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social e IBGE e relatórios Estatística de Produção Agrícola (julho de 2014) e Estatística de Produção Pecuária (junho de 2014), do IBGE

Consultoria Rodrigo Stumpf González, professor do Departamento de Ciências Políticas da UFRGS, e Hemerson Luiz Pase, professor do Instituto de Sociologia e Política da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)


domingo, 13 de setembro de 2015

GUERRA DOS FARRAPOS CRONOLOGIA




1835

1836

1837

1838

1839

1840

1841

1842

1843

1844

1845

  • 22 de fevereiro: Canabarro reúne em Ponche Verde um conselho de oficiais para discutir termos de um tratado de paz, cujo conteúdo já se encontrava assinado pelo barão de Caxias, representante do lado do Império.
  • 1 de março: Fim da Guerra dos Farrapos. Representando o lado farrapo, o Comandante-em-chefe do exército republicano David Canabarro assina o Tratado de Ponche Verde.